sábado, 10 de janeiro de 2009

Yes,temos bananas!

Era uma vez, eu. Era uma vez, a política. Era uma vez, as pessoas. E então, nós três nos encontramos. Depois deste encontro, a política e as pessoas continuariam as mesmas, mas eu... eu estava desacreditada em ambas. Vamos ao início? Eu fui uma criança muito peculiar e que gostava de sê-lo. Os amigos do meu pai diziam que eu tinha a curiosidade de uma criança e o espírito de um velho e eu buscava honrar esse título. Por ser a única menina com uns dez anos em um grupo no qual a faixa etária girava em torno dos quarenta anos, eu me sentia especial. Eles não riam de mim como qualquer adulto ri de qualquer criança, nós conversávamos sbre filosofia, política e religião, e eles levavam à sério os meus comentários. Eu gostava da atenção que recebia,eu gostava de me sentir inteligente . Então, procurava saber cada vez mais e ansiava pela próxima reunião. Depois de alguns anos de conversa e leitura, eu percebi que a única coisa que faz a diferença, em qualquer lugar ou época, é a educação. A partir daí, comecei a pensar na anarquia e no comunismo como formas de solucionar a política atual, que convenhamos, não é das melhores. Acreditava nas duas formas, porque ambas dependem do ser humano e de sua educação somente. Na anarquia, é necessária total consciência de que você faz parte de uma sociedade sem que exista a dominação, a imposição de uma autoridade, ou seja, a total prática da educação se faz necessária (e eu torço para que um dia essa idéia funcione). E para viver em um meio em que grande parte das propriedades não são privadas, como queriam os comunistas, é preciso que haja respeito e conseqüentemente, educação. E então, lá estava eu, vivendo o lindo sonho de que eu cresceria e me tornaria uma revolucionária, acreditando que em um futuro próximo eu faria a diferença. Mas, o tempo foi passando eu crescendo. Aquela menina de dez anos de ontem, é a menina de dezessete anos que vos escreve hoje. E no hoje, ela não acredita mais que possa fazer a diferença. Ou melhor, no hoje, ela não acredita que a diferença possa ser feita.
Nesses sete anos que passaram, ela conheceu pessoas e histórias. Ela viu do que os seres humanos são capazes, e não gostou. Não pensem que a menina é injusta, ela sabe que as pessoas são capazes de atos majestosos. Porém, a cada dia ela tinha notícia de situações merecedoras de repúdio. A quantidade de histórias que pareciam sair de um filme de terror é inúmera e então, ela pensou:"Sempre tentamos esconder o que de pior fazemos, portanto existem milhões de coisas desses tipo que nem faço idéia." Nesse caso, porque acreditar nas pessoas? E como,então, acreditar na política?
O encontro entre mim, as pessoas e a política, não funcionou muito.
Não mais busquei a política como solução. Percebi que todas as respostas que eu procurava estavam em mim. E que as únicas coisas em que eu podia e devia acreditar eram as idéias. Sem me preocupar se faziam sentido ou se dariam certo.
Mas, em que idéias vale a pena acreditar? Não consegui responder a essa pergunta. Me tornei uma adolescente medíocre. Não encontro nada que atraia o meu interesse, nada que me faça querer lutar, nada que me faça acreditar. Mas, você pode vir me julgar. Pode dizer que a minha geração está perdida e que não produziu nada além de cópias tão baratas quanto as bananas que vocês vendem. Podem vir. Eu realmente não me importo. O que era de se esperar, já que sou membro da geração apatia.

Aymée S. dos Reis
02:31 10/01/09

2 comentários:

  1. Insisto em ressaltar que a diferença está no seu interior. O simples sentimento te faz uma pessoa melhor, nada medíocre. Voce não é tão boa pra ser medíocre, não seja prepotente. A mediocridade é um adjetivo exclusivo da elite, querida, nós, devemos nos contentar em sermos seres humanos almados, que sofrem por ver por onde o mundo caminha.

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  2. "Percebi que todas as respostas que eu procurava estavam em mim. E que as únicas coisas em que eu podia e devia acreditar eram as idéias."

    Idéias são imortais... é oq dizem por ae... pena q seus donos sejam tão frágeis e perecíveis...

    Somos fortes? Aparentamos, talvez? Realmente somos, talvez? Quem sabe...

    Decadência total...

    Belo texto (Y)

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