sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tudo o que não sou

Se existe uma coisa que me tira do sério, é a pobreza de pensamento. Calma, eu explicarei melhor. Imagine você e sua vizinha chata, na sala de sua casa; então, você pergunta a ela: "Que cor é aquela da saia da modelo?Rosa ou vermelho?" Ao que ela responde:"Vermelho." E não contente, ela completa:"Vermelho de amor." Com todo o bom humor que você está,(por sua mãe ter te deixado sozinha com a vizinha) a resposta simplesmente escorrega de seus lábios:"É, o Hitler deve ter achado o vermelho DE AMOR uma cor boa para a sua suástica." Eu me fiz entender? Acho que não,nunca fui muito boa com explicações. O que eu quis dizer é que ao meu ver o mundo seria um lugar extremamente insuportável se tudo fosse o que parecesse ou se as coisas não fossem ambígüas(trema lalala). Portanto, essa objetividade impensada é tão irritante. Não vos peço que sejam prolixos como eu,porque de certa forma eu sou tudo o que critico e seu oposto. Vocês notarão com o tempo,que tudo o que eu faço é falar de amor,por exemplo.Continuem lendo esse texto e perceberão que de alguma maneira o encaixarei nesta história.
Logo, se sou eu uma pessoa que só tem um assunto, não seria eu uma pessoa pobre de pensamento? Bem,é bastante provável que eu o seja. Mas,não importa. Mantenho a minha vaidade de pseudointelectual e vou em frente (pseudointelectuais, eu os abomino; assim como tudo o que sou).
Pois bem,sem querer e nem perceber, cheguei no ponto em que queria. Os pseudointelectuais. São eles (nós) que constroem o mundo. Hoje a tarde eu estava ouvindo Yoñlu e cheguei a conclusão de que os gênios morrem (para quem nunca ouviu falar o Yoñlu/Vinícius foi um gaúcho supergênio-intelectual que cometeu o suícidio aos 16 anos,resumi totalmente a história). Parem para analisar a história sociopolítica da humanidade e vocês irão ver que os intelectuais sempre dão um jeito de morrer ou serem mortos. E nunca é uma morte simples. Eles podem morrer engasgados e terá sido-de alguma maneira- para defender um ideal ou para fugir da humanidade que os atormenta. E quando eles morrem, quem fica? Ficamos nós, e devoramos com fome insaciável todas as suas obras. E então eu,numa tarde de quinta-feira cantarolando 'I know what it's like' do Yoñlu, havia chegado a segunda conclusão do dia: os intelectuais são burros. Porque eles são burros? Porque eles descobrem as coisas e deixam para nós; nós, que não temos coragem de usar as coisas e nem de acabar com elas.
Ao olhar para mim, eu vejo a burrice deles. Olho e o que vejo? Uma menina que não é linda nem feia.Não é inteligente nem burra.Não é de direita nem e esquerda(me tornei apolítica com o tempo).Não fala oito línguas nem toca quinze instrumentos.E em seus dezessete anos nunca foi amada (eu não disse que ia chegar no amor?!). Não há ninguém que a ache fantástica só por ser ela,só por ser mais uma. E ela não se importa com isso,quando não está amando,obviamente. Ou seja, ela se importa com isso; e vocês sabem porque? Porque dói. O que dói não é o fato de não ser correspondida, e sim todos os outros serem. Ela, como todo ser humano, pensa e age conforme uma criança, e ver todos ganhando um pedaço de cristal exceto ela,dói. Não que ela realmente queira o cristal. Se ela o tivesse, provavelmente deixaria guardado com medo de que se espatifasse no chão. Mas, já que ninguém quis dar o cristal inútil a ela, porque não fazer pirraça? Okay, vocês me dizem, e perguntam:"Onde se encaixam os intelectuais e sua burrice?" "Exatamente nessa parte",eu digo.
Se eles fossem tão espertos, usariam todo o seu conhecimento para o que bem entendessem, e não precisariam sair morrendo por ai, como mártires. Eles poderiam viver como heróis, dividindo sua inteligência. Se eu fosse uma intelectual esperta, eu conquistaria tudo o que sempre quis -não importando o que fosse- e deixaria um símbolo para que nunca esquecessem de mim. A minha marca seria vermelha. É, vermelha de amor.

Aymée S. dos Reis
23:16 08/01/09


a história do Yoñlu (vocês deviam dar uma olhada) http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81603-6014-508-1,00.html

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