terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Negócio justo

Há alguns instantes, enquanto tomava banho, eu pensava em você. Por mais incrível que pareça, eu não estava pensando besteira. Na verdade, eu quase não penso coisas do tipo com você... ou talvez eu pense bastante... mas, isso não importa agora. A questão é que enquanto eu pensava em ti durante o meu banho, veio-me a mente a palavra escambo. Eu a havia ouvido mais cedo no ônibus e me surpreendi, pelo fato de ser uma palavra raramente usada. De qualquer forma, eu sempre achei escambo uma palavra muito bonita,não só pelo significado (minhas raízes socialistas mal podadas), mas também pela sonoridade. Bem, vocês tem o direito de não saber o que é escambo, então para desencargo de consciência (sempre lembro e sessão do descarrego quando falo e/ou escuto a palavra desencargo) vou explicar: na época que não existia moeda nem dinheiro porém mercadorias, as pessoas trocavam o que tinham com outras conforme seus interesses e necessidades. Ou seja, eu dei essa volta toda para dizer escambo igual a troca. Okay, vocês já sabem o significado, mas qual a ligação entre a pessoa que pensei debaixo do chuveiro e o escambo?
Muitas vezes minha mãe me ofereceu algo que eu queria em troca do cumprimento de uma suposta obrigação minha (como lavar a louça,arrumar o quarto,...) e quando eu aceitava a oferta, ela me chamava de interesseira (bons tempos...hoje em dia, ela me obriga a fazer sem as coisas sem oferta alguma), ao que eu respondia: 'E quem não é?' Pergunta simples,não? Resposta simples. Todos o são (mas, ninguém é são. Trocadilho infeliz, por favor, ignorem). É aqui que entram o Matheus (era nele que eu estava pensando,obviamente) e o escambo. Certo dia, eu estava conversando com uma amiga minha sobre o Matheus, ao que ela solta a pérola: 'Você tem que chegar na malícia, Marina!' Depois de rir bastante dessa máxima, tentei argumentar que eu não sabia ser assim (somente quando estou chapada de cafeína), mas então com outras palavras ela me disse que eu devia dar o que interessa para ter o que desejo. Fiquei com esse pensamento na cabeça, até que hoje a sonoridade do escambo o acordou.
Com a mente mantida acordada à base de cafeína, eu decidi: vamos trocar. Você tem o que quero, mas se recusa a me dizer o que quer. Tenho paciência de mercador e certamente terei a manha. Posso esperar o quanto você quiser, mas só sairei daqui com a nossa transação concluída. Porém, enquanto não realizamos o câmbio, você não pode me impedir de negociar outras mercadorias. Ou pode?É a lei do mercado que vale, e como sou eu que quero que nossa troca obtenha sucesso, submeto-me a você, meu comprador, como uma marionete. Viajo longas distâncias para lhe mostrar a mercadoria, minto para os responsáveis da mesma e bolo planos malucos (isso sempre me lembra o macaco louco) para te convencer de que a troca vale a pena. Então, diga-me : o que você quer de mim?
23:06 01/02/09Aymée S. dos Reis

Nota 1: Nunca usei tantos parênteses em um texto.
Nota 2: Três dias comendo pouco, dormindo mal e tomando café e coca-cola como se fossem agua me deixam um pouco excêntrica (atacada, mal humorada, engraçada, sem noção, hiperativa, cansada, falando coisas que normalmente não falaria,...).

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